Os olhos da dona Vilma Wastowski não enxergam mais desde quando ela tinha 27 anos. Hoje, com 65, ela não sabe que tem cabelos brancos e nem quantas rugas tem no rosto. Mas consegue preencher o coração com bons sentimentos do que acontece ao seu redor. Prova disso foi o sorriso que deu depois de ter cortado o cabelo durante uma ação da ONG Voluntários Horizontina, no Lar Santa Luzia, onde frequenta há dois anos. A vovó Vilma, como é chamada, mora sozinha no Bairro Bela União, não tem filhos, nem netos, mas confia em Deus. “E nos amigos que fiz aqui no Lar”, diz ela. Hoje estou muito mais feliz que nos outros dias. Ganhei um corte de cabelo e escutei músicas com toda essa minha família”. |
Este é um exemplo da missão da ONG Voluntários Horizontina: criar e fortalecer a rede colaborativa para a transformação social regional, despertando interesse do voluntariado. “Queremos proporcionar o voluntariado de maneira organizada, com capacitação dos voluntários e orientação das instituições”, explica Cleide Vieira, presidente da ONG. A Global Communities, através do Programa Semeando o Futuro, foi a incubadora da ONG Voluntários Horizontina.“Entramos como parceira no suporte à gestão. Para a diretoria, oferecemos treinamentos sobre gestão e coordenação de um trabalho de voluntariado organizado e transformador”, explica Roseli Bianchi, especialista em voluntariado da Global Communities.
A rotina ganha um dia especial
Durante as atividades da ONG, Marlene Zamberlan, coordenadora do Lar Santa Luzia, se emocionou mais de uma vez. “Todo o trabalho voluntário é bem vindo. Temos muitas pessoas carentes, que precisam de ajuda. O envolvimento da comunidade é importante. O pouco que cada um faz, muda a vida deles para sempre”. No dia da ação, uns jogavam cartas e outros se divertiam com o bingo, mesmo sem nenhum prêmio. Senhoras tomavam chimarrão, conversavam e faziam crochê. Do lado de fora, senhores falavam sobre futebol e outras histórias da vida. Dividir experiências faz parte da rotina de quem frequenta o Lar Santa Luzia "Palavras de apoio a gente sempre encontra aqui", revela Domingo dos Santos, 73 anos.
Ele esperava na fila para cortar o cabelo e ao mesmo tempo admirava a esposa, Etelvina Flores dos Santos, 66 anos, que pintava as unhas. Há dois meses o casal frequenta o local por motivos de saúde. "Aqui a gente ocupa a cabeça e o tempo passa da melhor forma: com amigos e carinho", ressalta seu Domingo. Seus olhos brilharam quando viu dona Etelvina sorrir ao ver suas unhas pintadas de cor de rosa clarinho."Eu gosto de ver ela assim, sorrindo. E com ações como esta, nós temos essa oportunidade: de sorrir."
Primeira vez a gente nunca esquece e se emociona
A cabeleireira Líria Lopes foi responsável por cortar e secar o cabelo de muitas mulheres do Lar. Ela aproveitou a manhã de folga para ser voluntária na ação e se surpreendeu com o carinho que recebeu dos “clientes” especiais. “Cada abraço nos fortalece e me deixa realizada como pessoa”, conta. A manicure Noeli Tenório tem o mesmo sentimento de carinho e gratidão. “A gente sente o quanto esse atendimento é importante para elas, o quanto elas se sentem bem, mais bonitas e mais felizes. Isso nos deixa bem também”, garante.
Crédito do texto: Alessandra Toniazzo