
A líder comunitária que movimentou este projeto foi Iara Estigarribie Garcia, 64 anos. Descoberta pela equipe do Programa Semeando o Futuro durante um mapeamento de líderes na comunidade, ela aceitou ser voluntária e recebeu cursos de capacitação em gestão comunitária. “Estes cursos do Semeando o Futuro ajudam a gente a lidar com pessoas. A gente aprende a fazer melhorias pela própria comunidade, sem apenas depender do poder público”, explica dona Iara. Uma das prioridades identificadas por ela, junto com a Associação de Moradores do bairro, a qual faz parte, foi ter um espaço com atividades para as mulheres.
Com o apoio de outros líderes comunitários do bairro que estão coordenando ações de desenvolvimento comunitário através de Semeando o Futuro, dona Iara conseguiu montar o projeto Mãos Unidas. “Percebemos que as mulheres precisavam de um tempo para ocupar a mente e sair de casa. Fizemos uma caminhada de casa em casa para chamar as mulheres e, aos poucos, fomos mobilizando o grupo. Hoje estamos completando quase dois anos de união, amizade e melhorando a expectativa de vida da comunidade”, explica.
Com muita vontade de transformação e iniciativa, dona Ira buscou professoras voluntárias dentro do bairro para ministrar as aulas, que no começo do projeto eram nas casas das alunas ou em salões de igrejas da comunidade. Em 2017 a diretora da escola municipal do bairro entrou em contato e ofereceu uma parceria, cedendo o espaço para as atividades e ainda uma professora para atividade física. Muito mais que um encontro, o Mãos Unidas representa o empoderamento da comunidade e a melhoria de vida - elas garantem. “Aqui cada uma ajuda como pode e juntas vamos nos tornando mais que amigas, vamos criando um elo para a vida toda. É nossa responsabilidade fazer o projeto continuar crescendo.”, completa.
Quando foi convidada para ser professora voluntária de pintura em tecido no projeto, Odete Fisher, 69 anos, não imaginava que encontraria no grupo muito mais que alunas. “Fui recebida com tanto carinho, que me tornei parte do grupo. Não conhecia nenhuma das mulheres e hoje elas são alunas dedicadas e amigas fora da sala de artes”, conta. Cada senhora no seu ritmo, as toalhas brancas vão ganhando cor e os desenhos vão ganhando forma. Existe um respeito mútuo pelo gosto, a religião e a história de cada uma. Ao fim dos encontros, elas se aproximam com as cadeiras para um chá e sorrisos, cada uma com a sua arte em mãos. “Esse resultado é o que mais importa: a união, a felicidade. Não tenho palavras para dizer o quanto valeu a pena montar este projeto. É gratificante para mim", encerra dona Iara.
Crédito do texto: Alessandra Toniazzo